terça-feira, 29 de abril de 2008

Corpo iluminado




























Tatuei a tua imagem no vento para que o mundo se inunda-se com o teu perfume

Desenhei o teu nome no bosque da minha alma para que as folhas do momento não se dissipassem na escuridão do opúsculo

Cantei aos mares o teu toque para que quando me banha-se, todo o Universo senti-se o infinito da tua mão

Dancei no fogo o meu sentimento para que as labaredas de um desejo cicatriza-se as feridas de todas as lágrimas do mundo

Deitei-me na Terra incandescente para a imortalizar o consentimento de uma vida que não requer uma palavra apenas o silêncio doado no deserto de nós

segunda-feira, 28 de abril de 2008

I give you my wings so you can fly away...














Doavas as tuas asas a alguém para que esse alguém pudesse voar?

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Deitada num campo de Girassois
















Eles é que sabem viver! Só olham para onde a Luz se sente...pedaços de abençoados que renascem no calor de um sol, que os acaricia em todas as suas pétalas... não temem...doam-se, porque sabem que cada um deles é um, distinto, de todos aqueles que os circunscrevem...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

A eterna escolha do meu ser...


















Adoro escolher caminhos... perder-me por entre os rasgos de poucas folhas que sempre balançam ao sabor do vento...

Adoro percorrer os caminhos que me fazem viajar para o desconhecido que ainda não se deu...

Adoro sentir os meus pés a flutuarem no mar da saudade por ter deixado o primeiro passo já onde eu não estou...

Adoro encruzilhadas...bilateralidades vivas que fazem sempre puxar cada vez mais por mim...

Caminho pelo labirito com o intuito não de chegar ao fim...mas sim de o conhecer na sua essencialidade paradoxal...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

a cigana do corte maltese...




















Se não tiveres a linha da sorte traçada...traça-a tu de maneira que toque naquela que representa o teu coração...

terça-feira, 1 de abril de 2008

O essencial e invisivel aos olhos...














"- Ando à procura de amigos. O que é que "estar preso" quer dizer?
- É uma coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa
- Quer dizer que se esta ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
- Laços?
- Sim, laços - disse a raposa.
- Ora vê: por enquanto, para mim, tu nao és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, também passo a ser unica no mundo...
- Parece-me que estou a comecar a perceber - disse o principezinho.
- Sabes, há uma certa flor... tenho a impressão que estou preso a ela...
- É bem possivel - disse a raposa.
(...)
Mas a raposa voltou a insistir na sua ideia:
- Tenho uma vida terrivelmente monotona. Eu, caço galinhas e os homens caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas as outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, as vezes aborreço-me um bocado. Mas, se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de Sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hao-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estas a ver, ali a diante, aqules campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve para nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E á uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da côr do ouro. Então, quando estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo e dourado, ha-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo..."
A raposa calou-se e ficou a olhar muito tempo para o principezinho.
- Por favor... Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer.
- Eu bem gostava - respondeu o principezinho - mas nao tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...
- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - Os homens, agora, ja não tem tempo para conhecer nada. Compram as coisas ja feitas nos vendedores. Mas como não ha vendedores de amigos, os homens ja não tem amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- E preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocado afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo a mesma hora - disse a raposa. Se vieres, por exemplo, as quatro horas, as tres, ja eu comeco a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. as quatro em ponto ja hei-de estar toda agitada e inquieta: e o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas e que hei-de começar a arranjar o meu coracão, a vesti-lo, a pô-lo bonito... Sao precisos rituais.
- O que é um ritual? - Perguntou o principezinho.
- Também é uma coisa de que toda a gente se esqueceu - Respondeu a raposa. - e o que faz com que o dia seja diferente dos outros dias e uma hora, diferente das outras horas.
(...)
Foi assim que o principezinho prendeu a si a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa
- Ai que me vou por a chorar...
- A culpa é tua - disse o principezinho. - Eu bem nao queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...
- Pois quis - disse a raposa.
- Mas agora vais-te pôr a chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou - disse a raposa.
- Entao não ganhaste nada com isso!
- Ai isso e que ganhei! - disse a raposa.
- Por causa da côr do trigo... Depois acrescentou: - Anda, vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua e única no mundo. Quando vieres ter comigo, dou-te um presente de despedida: conto-te um segredo.
O principezinho lá foi ver as rosas outra vez.
- Voces não são nada parecidas com a minha rosa! Vocês ainda não são nada - disse-lhes ele.
- Não ha ninguém preso a vocês e vocês não estão presas a ninguém. Vocês são como a minha raposa era. Era uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas eu tornei-a minha amiga e, agora ela á única no mundo.
E as rosas ficaram bastante incomodadas
- Vocês são bonitas mas vazias - ainda lhes disse o principezinho.
- Não se pode morrer por vocês. Claro que, para um trauseunte qualquer, a minha rosa e perfeitamente igual a vocês. Mas, sozinha, vale mais do que vocês todas juntas, porque foi a ela que eu reguei. Porque foi a ela que eu pus debaixo de uma redoma. Porque foi a ela que eu abriguei com o biombo. Porque foi a ela que eu matei as lagartas ( menos duas ou três por causa das borboletas). Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até as vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.
E então, voltou para ao pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa.
- Vou-te contar o tal segredo. é muito simples: só se vê bem com o coracão. O essencial e invisível para os olhos...
- O essencial e invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais esquecer.
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tao importante.
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho para nunca mais esquecer. - Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa.
- Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...
- Sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho para nunca mais esquecer.

O Principezinho de Saint-Exupery, Antoine